domingo, 18 de março de 2012


Ás vezes os nossos olhos contam falsas histórias ao nosso coração, dizem que vai tudo correr bem, que o final é feliz e fácil, tornam o mundo um conto de fadas, sem ponta de realidade, retratam um planeta que é redondo, quadrado, desfocam cada ponda de bondade e apagam toda a delicadeza do horizonte, são traiçoeiros os nosso olhos. Gostam de mudar as cores do que há à nossa volta, mostram-nos o caminho errado e dizem-lhe para seguir com determinação, seguimos, e de imediato nos perdemos em dúvidas.

No que os olhos lêem nem tudo está escrito, faltam significados, palavras, sentimentos que só o nosso coração pode decifrar. Porquê, então, seguir o que os olhos vêem? Se só o coração tem o poder de nos guiar.

Só o coração, ele próprio, pode decidir, um destino, uma viagem, um caminho a seguir.
                                          
                                         
                                                                                                             Cláudia Coutinho

domingo, 4 de março de 2012

Encontro


Ás vezes sinto-me tão perdida, mas prefiro ficar perdida na minha solidão do tentar recompor-me na ilusão. Pelo menos no meio do nada me encontro, e no silêncio é sempre mais fácil de ouvir a nossa voz interior, afinal de contas se olhar-mos para cima dentro de um buraco escuro há sempre um ponto de luz vindo do céu.

Nunca será mais fácil tentar ser quem não sou, ou fingir sentir o que não sinto, basta aceitar, e deixar-me levar na onda e nunca querer ir numa onda que não seja a minha.

Sinto-me em paz, tranquila, mas às vezes parece que viro tudo do avesso, se calhar só pra ver qual é a sensação, só pra me sentir perdida, só pra saber como é, pra saber como é não saber-se ser como se é, pra sentir algo para além de mim, aumentar o espaço no meu coração a algo novo.

Não é loucura da minha parte viver como uma louca, é tolice da tua viver à berma da estrada, saber que há algo para além do visível e não querer descobrir, descobrir quem tu és.


                                              Cláudia Coutinho

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Retribuição



Neste mundo onde até os poços de alegria são um mar de tristeza, onde o vento grita a solidão e onde as pessoas são um veneno, maldosas, enganadoras e cruéis, neste mundo, cheio de todas estas coisas boas, não há mais nada que me possa deitar abaixo, não há mais ninguém que me consiga enganar. No meio desta confusão, deste nó sem começo nem fim,
não há como me confundir mais, a vida é incerta, o caminho é cheio de perigos e a única alma em quem podemos confiar é a nossa. Não há nada que enganar, a vida é uma ironia, para a ganhar basta fazer dela o meu brinquedo e não deixar que ela brinque comigo. Um pouco de sarcasmo nos nosso actos não faz mal, fazer de burro a quem me quer fazer de burra a mim não me parece que seja má ideia.
Sabem e no meio desta palhaçada toda, só tenho vontade de rir, de quem me tentou levar e não levou.
Viva a todos os estúpidos que pensam que me passaram a perna, um enorme beijinho pra vocês.
                                                                                                          
                                                                                                           Cláudia Coutinho
                                        

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Ao meu adorado


Querido Bobo da corte,

Queria-te felicitar pela tua postura exemplar e pela tua grande força de espírito.
Escrevo-te porque, bem, muitas vezes me sinto como tu, uma alma humana sem rumo, triste, sem vontade para nada, sem um sentido, mas obrigada a sorrir, a fazer palhaçadas e a explodir alegria por todos os cantos do meu corpo por pouca que a tenha.
És obrigado todos os dias a fazer sorrir quem nem sequer merece, quem não te dá valor, quem quer rir do teu mal, e mantens-te de pé, não sabes como, nem eu sei como, nem ninguém deve saber, sempre com esse sorriso pintado.
Quem nos conhece sem a cara pintada, sem a roupa ridícula, sem malabarismos, esses sim dão valor ao sorriso que nos surge de vez em quando a observar uma flor talvez, esses sim conhecem a nossa sensibilidade, esses sabem a
forma como nós choramos, a nossa maneira de discutir, o nosso refúgio quando queremos estar sozinhos, esses sim dão valor à nossa felicidade, e bobo, são eles que nos fazem sorrir. :')

Espero que fiques bem, e que continues em frente,
Aguardo uma resposta ansiosamente,
Um beijinho e um abraço enorme
da tua querida e sempre leal amiga,
Cláudia Coutinho

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Libertação

Fizeste tanto esforço pra me derreter o coração,
que ele derreteu,
evaporou,
e eu, congelei,
Cansei do jogo.
Na vida não há tempo pra gastar,
há tempo pra viver,
pra soltar a nossa alma ao vento,
e é com ele que eu decido ir,
até ao incerto,
até ao vazio talvez.
Não aceito mais,
não quero mais,
porque nada nem ninguém nos merece de verdade,
e nada nem ninguém me fará ajoelhar,
implorar,
nunca,
a ti amor, as minhas sinceras condolências.
                                                                                                           Cláudia Coutinho

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Como pode justiça ser feita? Se nada é feito com amor, com esperança, como podemos pensar que algo vai ser certo, se tudo é feito de forma errada?
Por vezes pensamos que podemos mover astros, que podemos mudar as cores do universo, que podemos de uma só vez construir uma escada para chegar ao topo, é possível... nos sonhos.
Pensamos que somos senhores do mundo, e o mundo é que é nosso senhor, esta terra é a nossa essência, nós giramos com ela dia após dias, como podemos querer justiça se não aceitamos as mais profundas das nossas raízes? Pior, destruímos a nossa criadora e a nossa alma ao mesmo tempo. E um coração, ficará só um coração, e o cérebro será um adereço apenas.
O ser humano limita-se, a ser desumano.

Cláudia Coutinho